domingo, 3 de outubro de 2010

eu hoje vou arrumar a garagem

A garagem foi antigamente utilizada para guardar carros.
Naquela altura havia tempo para meter os carros na garagem, o maior à frente quem entra ou atrás quem sai e dois a seguir.
Saíram os carros, entrou o refugo do lixo acumulado anos a fio.
E agora como hei-de fazer para me ver livre de tantas memórias bafientas empoadas e inúteis?
Não consigo mete-las em sacas de lixo, não tenho caixotes nem os quero ir arranjar, pois acho que iriam juntar-se ao lixo acumulado e passariam a fazer parte dele.
À entrada são as sacas de roupa que ninguém mais vai usar, mas com as quais planeei fazer uma manta, a outra até que ficou bem, mas demorei uns cinco anos a acabá-la, acho que ainda não é desta que vão para o lixo.
A seguir vem a papelada que se despeja dos carros nos raros dias em que alguém manda alguém limpar o carro por dentro e já agora dê uma mangueirada por fora. Ou então foi a Primavera que teve vergonha de levar a amiga num carro tão sujo, e mal começo a meter para o saco fico com alergia nas mãos e falta de ar no peito, tenho de ir fumar um cigarro a ver se me passa, mais uma telha do tamanho de uma casa, ao ver os prints de páginas e páginas de instruções sobre como fazer umas férias fantásticas nos antípodas. Não vou arrumar esta caca.
Passemos mais adiante, eu não gosto de vinho, será que ninguém quer levar estas garrafas cheias de zurrapa, mais estas vazias que não dão para nada? Bem, vou esperar a ver se o Verão ou a Primavera as querem levar para casa , pode ser que queiram pôr nos estufados.
A comida do cão não vou deitar fora mas também não a tiro daqui que o cheiro enjoa.
Do outro lado está um painel com uma fotografia com uns 3 por 4 metros, mas nunca a vi, está virada para a parede, tenho medo que se estrague, mas que hei-de fazer, vou esperar que o PM lhe dê um destino mais condigno, eu no lugar do artista ficava furiosa se soubesse que estava virada para a parede há tantos anos.
Bem sei que está protegida por quatro bicicletas com os pneus furados, eu nessas nem mexo, eu até nem sei andar de bicicleta, o garageiro já fechou, o melhor é deixá-las ficar, qualquer dia já servem para a Miss V.
O televisor que está no chão não sei de quem é nem como veio aqui parar, mas deve ter dono, é chato deitá-lo fora.
O armário é melhor não abrir, podem cair as tendas, pastas, brinquedos, sapatos e botas, mochilas e malas.
As pranchas de surf, os patins sem linha, os skates sem rodas, as raquetes furadas, as bolas vazias, a mesa de ping pong quebrada e os triciclos sem rodas, não sei onde os possa meter...
Bem, amanha também é dia,  e depois vê-se.