quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Sandes de Pernil, sem pão

Hoje, dia de aniversário do meu sobrinho mais novo, tomei uma decisão. Essa decisão não tem nada a ver com o aniversário do meu sobrinho mais novo, que isso fique bem claro. É só para não me esquecer que a decisão foi tomada, tipo uma ajuda da memória. Quando vir uma foto , um like ou uma publicação do Zé lá me virá à memória que tenho uma decisão tomada. Ainda hoje quando estacionei no parque do shopping usei uma técnica, uma ajuda técnica, uma bengala da memória. Ora deixa ver, estacionei no M6 verde, por isso decoro "a Manuela que nasceu no dia 6 não é do sporting". Assim foi mais fácil. É que temos de aprender com as asneiras e já fiz figuras mesmo tristes à procura do carro do qual não sabia nem a matrícula nem o modelo. E o que tem isto a ver com o que decidi ? tudo ! Se eu não sabia nem a matrícula nem o modelo (parece-me que da côr me lembrava) era porque eles é que faziam o que lhes apetecia, o primeiro a sair pegava no carro que estava mais atrás, o a seguir a seguir, e eu nunca sabia com que carro iria trabalhar. Como pràticamente só via o carro por dentro e não sou muito dada a apreciar o aspecto exterior das coisas, por vezes não sabia em que raio de carro tinha ido. Mas enfim, agora , hoje, dia 6 de Fevereiro de 2020, que há 42 anos era terça feira de carnaval, reparei que só me apetece fazer o que me apetece fazer. E então decidi : quando me apetecer fazer faço . Isto terá muitas implicações, nomeadamente na minha alimentação. E a curto prazo. Até já comecei hoje, enquanto escrevo está no forno. Em vez de comer toda a semana os restos dos banquetes com que a família se lambuza no fim de semana, o que me apetecer comer, faço. Só para mim. Estranho porque durante as variadíssimas vezes que estive no meu estado interessante nunca tive desejos. Não é verdade, às vezes apetecia-me maçãs bravo. Ainda mais estranho porque suspeito que nunca cozinhei para mim. Mas agora, depois de ter a certeza absoluta de que não estou no tal estado, decidi : Se me apetecer ...faço, já disse. E a partir de hoje. O jantar vai ser sandes de pernil, sem pão (esqueci-me de o comprar). O pernil está pronto, vou-me a ele.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Vou fazer uma romagem de saudades ao quintal do 173

Hoje o inquilino da casa que deixei telefonou logo pela manhã. Os pais viviam na casa ao lado, quem olha de frente a da direita, morreram, a casa foi vendida e ele resolveu mudar-se para a minha. Quem olha de frente para a esquerda havia um terreno vazio, cheio de silvas, onde cresciam as chagas e as gilas cujas sementes lá iam parar. Engraçado que no meu quintal nunca cresciam. A Sara também tem chagas no quintal, usa as flores nas saladas e faz alcaparras com os botões. Engraçado que quando estava em casa não dava importância ao quintal mas agora tem o dela que é um mimo. Às vezes penso se o nosso terá deixado nela saudades, se terá querido refazê-lo na sua casa. Não deve ser isso, mas eu gosto de pensar que é.Enfim. O quintal dela é um pouco confuso, ela é adepta da permacultura, isto é, deixa tudo à vontade , as plantas que lá vivem crescem onde lhes apetece. Acho um bocado de descontracção a mais, ela lá sabe. O nosso devo confessar que também era um bocado desorganizado. Como eu não tinha experiência nenhuma, apenas tinha umas ideias vagas do quintal dos meus pais que desapareceu quando eu tinha uns dez anos, plantava e semeava tudo o que gostava e me vinha parar às mãos. Parar às mãos a bem dizer, devo confessar que roubei bastantes sementes e várias estacas. Na altura achava que era um direito que me assistia, pegar em coisas que não faziam falta a ninguém, dar-lhes uma hipótese de experimentarem viver noutro local, com outra forma de vida, outra vizinhança. Dessa forma plantei um belo relvado com guias de relva que apanhei em Esmoriz. E fiz uma colecção de brincos de princesa, eram 29 diferentes, cujas fotos tenho noutro blog, ainda bem que as guardei. Se o dono dos blogs os cancela lá vai a recordação para o galheiro, quer dizer ficam perdidas no espaço ciberal. Não foi tudo roubado, até acho esta palavra muito exagerada. Plantei japoneiras que um colega me deu, aromáticas que o Sr. Augusto jardineiro em Serralves me dava, aloé que me deram na Colômbia, espargos que o Sr. Molinos me deu, sei lá que mais. A única coisa que me lembro de ter comprado foi uma palmeira que espero bem tenha resistido aos escaravelhos que vieram do estrangeiro. Depois as coisas cresciam, cresciam, cresciam e eu tinha pena de as arrancar, resultado, havia alturas que quando chegava à varanda parecia-me estar em plena mata atlântica. Tinha uma feijoa, um tamarilho, um limoeiro, um araça, uma ramada de quivis, um hibisco, hidranjas, roseiras, jarros, azáleas, um redondendro,um abacateiro que nunca deu (plantei um caroço depois de o ter metido em água durante uns meses...) etc e etc e etc. Um dia destes vou pedir ao inquilino que me deixe fazer uma romagem de saudades ao quintal.

Sozinha em casa

Estou a pensar que gosto da forma como as ideias&recordações fluem quando estou comigo mesma. Comecei pelo aniversário do petroleiro, passei à foto de perfil, apercebi-me da passagem do tempo, ri-me para dentro com a musica do Adoniram, o Gui mandou a Saudosa Maloca, lembrei-me da tese do Inverno, fui ouvindo outras e outras que me avisaram que o Carnaval está à porta, e por aí fora. Começo a apreciar o celibato. https://www.youtube.com/watch?v=L_AfEjciSR8