segunda-feira, 7 de novembro de 2011

EMPROADA propriamente dita


Ora afinal qual é o significado de emproada? Aqui no google encontrei vários : orgulhosa; vaidosa; insolente... Emproar será o mesmo que destacar-se, sobressair-se, enaltecer-se.
É o acto de um inseguro que tenta colmatar as suas falhas com pose mas sem chão, que só impressiona os inocentes e estafa todos os outros.
Vem isto a propósito de uma metamorfose a que eu assisti de longe, mas muito perto, um caso bem sucedido.
E não é fácil, convenhamos, passar de pindérica a emproada. Exige muito treino, muita força de vontade, muita pesquisa bibliográfica, muita dissimulação, muita atenção, muita obstinação.
Bem sei que ninguém é perfeito,( ia dizer que não há crimes perfeitos, mas não é o caso) e que mesmo com uma sólida preparação teórica se podem cometer erros ao passar à prática, ou como se dizia dantes, lá lhes foge o pé para a chinela de vez em quando.
Todas as emproadas têm pessoas, poucas, em quem confiam, com as quais perdem a compostura. Por falar nisso, a postura é fundamental, há que caminhar com os ombros para trás, as gémeas para a frente, o nariz arrebitado mesmo que seja comprido e adunco. Nada de pescoço em flexão lateral, nada de meter os dedos por baixo do cabelo e sacudi-lo para fora.
Há que ter especial atenção ao visual e acessórios. O telemóvel é fundamental, mas há que pegar-lhe com a mão em supinação, os dedos como se estivessem a pegar em cartas de jogar, mas com o indicador com as interfalângicas em 15º de flexão. E atender dizendo cantando tô-ô?
Convém também usar uma pasta que supostamente traga o LT e os papéis, muitos. No caso aqui presente demorou a perceber que a pasta não pode ser qualquer. Não serve uma made in china, oferecida num workshop.
O guarda roupa também tem de ser aprimorado, nada de camisolas com borboto,blusas mal abotoadas a mostrar o soutien por muito que se queira mostra-lo, sapatos de material sintético (nisso o Hannibal foi implacável com a Clarice), e outros pormenores que variam com as tendências da moda .
Depois , não menos importante, há o marketing. Como poucos estão interessados em promover uma pindèricóemproada resta a hipótese de ser a própria a fazer o seu selfmarketing. E como? perguntarão vocês. Eu explico porque tenho isso documentado.
1º dizer mal de todos, quase, que a rodeiam: “A AL é uma incapaz, o S é uma besta quadrada, a TV é insuportável, o B parece uma loura vestida de homem, as gajas de Braga são umas incompetentes, o M só faz peixeiradas” e assim por diante.
2º dizer muito bem de si própria: “A M disse que eu fui a melhor de todas, o PPT adorou ouvir-me, as E acham que eu sou o máximo “ e de tanto o repetir até pode passar a acreditar em si mesma.
3º ocultar tudo o que possa transparecer o seu verdadeiro e genuíno pinderiquismo. Mas isso fica para a próxima sessão

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Bendita Seja, Amen

O dia 12 de Outubro foi escolhido para homenagear a Nossa Senhora do Monte Galiza. Segundo a história, dois e mais alguns pecadores encontraram-se enleados em suas redes , e após o ocorrido descobriram que os peixes naquela rede eram muito abundantes, atribuindo essa fartura e outros inúmeros milagres à sua capacidade de duplicação pessoal.
Fiéis peregrinos de toda a cidade e arredores deslocam-se para o templo que abriga a virgem (ai que riso), reverenciada desde a sua coroação em 2004 e declarada como Doutora da Igreja uns anos mais tarde.
Inúmeras graças lhe são atribuídas, demonstrando um poder esplêndido de cura daqueles que nela buscam auxílio. Independente de quaisquer dogmas religiosos, a devoção dos fieis seguidores evidencia uma necessidade constante de buscar o necessário para aguentar a privação, esquecendo as dificuldades impostas pelo trabalho....
Assim acontece quando elegemos uma entidade isenta de qualquer preconceito, para servir de elo de contacto com o paraíso.
Este dia também contempla noutros lugares distantes uma data importante: comemora-se no Brasil o Dia das Crianças, uma homenagem à inocência , representada de igual modo pela pureza de sentimentos e acções da referida Nossa Senhora da Galiza, que tão bem manifesta no seu dia a dia, fazendo de tudo para conseguir consolar crianças, velhos e de meia idade .
Deixemos de lado os momentos de convivência prazeirosa que a Santinha proporciona a todos sem preconceitos, no aconchego do seu pequenino santuário, fazendo milagres , desenvolvendo métodos já usados pelas mais velhas profissões do mundo e outras novidades que o mercado oferece (estamos a vivenciar uma nova época, onde a interação com o mundo artificial/virtual abate todas regras).
Os pobres inocentes, coitadinhos, estão expostos a esse paraíso , relegando aos prazeres aditivos o verdadeiro sentido deste dia . Há quem não possa hoje participar na cerimónia, dedicando de outra forma o seu tempo aos inocentes!
Seja nas horas de ócio, no trabalho e nos intervalos, no quotidiano do mais santo ambiente familiar, louvados sejam, amen!

domingo, 9 de outubro de 2011

Foi no dia de S. João

O Porto no seu melhor!

O Inverno pediu-me para estar entre as 10:30 e as 13 no Palácio dos Caldeireiros, para abrir a porta aos da EDP, que iam colocar o contador.

Saí com meia hora de avanço mas, com os carros em dupla e tripla fila, cheguei em cima da hora.

Meti pelo Passeio das Virtudes, pela Rua da Vitória, mas lugar para estacionar, viste-lo...vira para a Rua das Flores, Rua de Belmonte, Rua das Taipas acima, e eis que ao lado da Torre dos Clérigos há um lugarzinho mesmo a maneira!

Eu que não gosto de multas vou tirar o bilhete, mas o parquimetro ou parcometro ou lá como se chamam esta avariado. A Senhora que vende manjericos , três lugares acima , resolveu a questão : "ó filha, vá descansada que se os bófias aparecerem eu digo que o carro é meu, temos de ser umas para as outras".

Muito obrigada! eu demoro pouco (isso era o que queria...) desço a Rua da Assunção, corto caminho pela Travessa Nicolau Nazoni e chego ao Palácio cheia de vontade de tomar um café, mas... e se os da EDP chegam entretanto? comento eu com duas Senhoras sentadas na soleira, que hoje começaram a trabalhar cedo. "oh crida vá tomar o café descansada que se eles chegarem nos avisamos".

Desço até ao Largo dos Loios, peço o café e aparece-me uma das simpáticas: "amor, temos que fazer, bote o café num copo de plástico e bá para cima".

Assim fiz. Passados minutos chegam os da EDP mais o Sr. Santos electricista. "oh dona, pode-se ir embora, que eu ja combinei tudo, é malta conhecida, eu dou-lhes uma notinha".

Toca a subir os Caldeireiros, a Rua de Tras e ir agradecer à Senhora dos manjericos. " de nada filha, bote uma moedinha na cascata da miuda, e bom S. Joao".

É por estas e por outras que gosto de morar no Porto. E que não me digam que o Inverno vai ter fraca vizinhança ou que o Centro Historico esta moribundo !

sábado, 1 de outubro de 2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

De pinderica a emproada

De pinderica a emproada

1ª parte
Os sinais de pinderiquismo sao muito subjectivos. Os que eu valorizo aprendi-os em miuda, a ouvir os comentarios que as mais velhas teciam sobre terceiras que obviamente nao pertenciam ao seu circulo de amizades.
Pensando agora nisso, com uma distancia de cinquenta anos, mas de poucos quilometros, reconheço que nos proprias eramos umas verdadeiras pindericas, se analisadas a luz dos valores atuais. Mas isso nao interessa agora nada, nem vem ao caso.
O que era sinal de pinderiquismo ? atenção que nada tem a ver com pelintrice ou falta de dinheiro, porque nessa altura ele era muito pouco, mas nos nao davamos conta.
Em primeiro lugar : usar o cabelo a fabricanta. Isso queria dizer como as mulheres das fabricas, com o cabelo comprido, pelo meio das costas pelo menos e espigado (ai jesus, que politicamente incorreto !)
Em segundo lugar: nao ter modos a mesa. Isso queria dizer nao conversar com os comensais, começar a comer antes dos outros.
Em terceiro lugar : ir para a praia com uma toalha do quarto de banho.
Em quarto lugar : ter uma peça de roupa descosida ou com nodoas.
Em quinto lugar : quando em grupo, cochichar com uma pessoa.
E por ai adiante.
Estes sao alguns dos sinais patognomonicos de pinderiquismo que eu ainda uso, apesar do aparecimento de novas tecnologias que poderao ou nao facilitar o diagnostico.
Ha quem consiga passar de pinderica/o a emproada/o.
(continua no proximo numero)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Recordaçoes da Rua do Revilao



Rico serao, em casa da Elisa, com o Rui e a Manela do Rui. O Rui foi meu vizinho durante muitos anos, e so recentemente nos voltamos a encontrar.
Hoje foi um tal de recordar personagens da vizinhança, que nao vos digo nem vos conto.
Quer dizer, vamos dizer e contar, e ate ja planeamos uns encontros para registarmos essas memorias. Desde o Cino Mau e o Cino Bom, o Das Vaquinhas, o Siga a Mo, a Dicionario do Bairro, o Dom Caralho, os Soquinhos, a Micas Pimenta, o Ferreira da Pide, o Nequinha, as Palitas, sao tantos tantos e com tantas historias, que nem da para acreditar.
E depois a Esperancinha da loja de miudezas, o Sr Mateus da mercearia, o Sr Macedo sapateiro, a D. Saozinha dos deveres, a Srª Julia que era bruxa, o barbeiro que vivia na bouça, a Leninha que casou com o afilhado de guerra, o Valentim que tinha um carro vermelho, o filho da espanhola que casou com uma sueca, o pedofilo da esquina, e muitos outros, todos num raio de menos de 200 metros.
Amanha vou comprar um gravador e marcar outro serao !

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Misses

Leila Lopes foi eleita Miss Universo.
Isso fez-me lembrar uma noticia com alguns anos : a Princesinha do Pemba foi eleita Miss Bairro de Francos !

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Carapins, pantufas e barretes no SNS

Alguns profissionais da saude estao a ficar muito ecleticos nos seus interesses. Bem sei que um medico que so sabe medicina nem medicina sabe.
Mas nesta epoca de crise, em que todos devemos contribuir para a recuperaçao do pais, haja algum decoro! Os Ministerios esperam mais dos senhores professores doutores, a ACSS existe para outras finalidades, o Hospital quer medicos dedicados, as Faculdades investiram muito na vossa formaçao! Por favor retribua! Carapins? Valha-me a Nossa Senhora da Angiotensina!
Em vez de actividade clinica, investigaçao cientifica, formaçao continua, workshops, aulas, cafe nos bares, cochichos nos corredores, conferencias medicas nos jardins, eu sei la mais o que podem e devem fazer e dizer que fazem durante as hora de trabalho, ainda ha quem queira, nas horas de serviço, aprender a fazer carapins!
Homens nao devem ser, que se algum houvesse com esse passatempo, ja teria corrido a noticia para fora desses tenebrosos corredores.
Restam as mulheres e os de sexo indefinido.
Inclino-me mais para este ultimo grupo, um pseudo hermafrodita feminino, impossibilitado de fazer carapins para os proprios filhos, com curiosidade sobre o que se passa na cabeça das pessoas de sexo feminino bem definido, e com vontade de saber como estas passam os seus tempos livres.
Como o meu tempo e pouco (que isto de ser mae e avo a tempo inteiro, sem exclusividade, acumulando com um contracto por tempo indefinido para outras actividades, dificulta a resposta atempada a alguns desafios ) mas como ia dizendo, quando tiver algum tempo e logo que tenha oportunidade, vou publicar a receita para os carapins que poderao fazer para os filhos dos outros, as pantufas que podem fazer para os maridos das outras, os barretes que podem fazer para si proprias.
Como sabem ja publiquei exemplos dos primeiros. Dos segundos nao sera preciso exemplificar, ja que varios tem entrado de pantufas noutros computadores fora da rede do ACCS, mas tambem acessiveis aos mesmos utilizadores. Dos ultimos, aconselho o seu uso apenas em jubas bem secas, ja que de outra forma lhes pode amolecer a queratina.

domingo, 18 de setembro de 2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Fleetwood Mac 1987 Little Lies

Tell me Lies

Ate que ponto deve a identificaçao ser exposta nos CV?
Com os erros dos outros vamos aprendendo. Tambem com os nossos e claro, mas isso e bem menos divertido.
Para que serve afinal a chamada Identificaçao, num CV ? Falo dos CV que tenho de ler, agora menos, que ja mereço repouso.
A meu ver nao serve para nada. Qual e o interesse de saber o nome da mae e do pai, ou o nº do BI ou do CC e todos esses pormenores que nao acrescentam nada aquilo que esta a ser avaliado?
Ja agora podia acrescentar o NIF, sempre da acesso a informaçao adicional, absolutamente irrelevante para o caso, ja que pouco interesse ha em saber se tem ou nao dividas ao fisco, quanto paga de IRS, se ainda o declara como casada/o se ja esta divorciada/o, sei la mais o que se podera com o NIF esclarecer.
Afinal um CV de um candidato a qualquer coisa numa prova publica, tambem e publico, ou nao?
Escarrapachando no CV, para alem do nome, a data do nascimento, a freguesia e concelho de naturalidade, o nome do pai e da mae, fica muita coisa destapada, sem necessidade nem interesse.
Bem, podera eventualmente ter interesse, nao para avaliar os conhecimentos do autor, mas para quem le ficar a saber mais alguma coisa, sempre se vai divertindo.... Isto no caso de os dados escritos serem verdadeiros, coisa que podera ser duvidosa no caso do/a autor/a ser habitualmente mitomano quando comunica de forma verbal, mas sempre e mais arriscado mentir num documento apresentado numa prova publica.
Afinal pode ser a afirmaçao publica de ter andado a mentir durante anos . Bem sei que nao e relevante saber se o Liceu foi feito no Maria lamas, ou em Luanda, se cresceu no hemisferio sul ou no norte, se viveu na rua de Cedofeita ou na Nove de Julho, ou Dezassete de Novembro, ou Primeiro de Janeiro...mas da para aferir com a informaçao previa fornecida verbal e informalmente, sem pensar que alguem com memoria de elefante viesse a ter acesso ao CV da tal prova publica.
E a morada? Isso entao e absolutamente dispensavel, e ate parece um convite a quem le, “passa la por casa, na sexta estou disponivel!”.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A primeira pagina dos CV expoe os seus autores ?

Durante alguns anos fui obrigada a ler todos os curriculos de candidatos a um exame nacional para obtençao de titulo de especialista em determinada area.
Eram duas epocas de exame por ano, e em algumas os candidatos eram as dezenas. Eram tantos tantos que tive de me organizar. Fazia mapas em que registava varios parametros, os estagios obrigatorios, os opcionais, as datas de inicio e final, as classificaçoes obtidas, as informaçoes dos orientadores, e por ai fora. Nessa altura eu ainda nao tinha PC e por isso os mapas eram feitos em cadernos de folhas quadriculadas, iguais aos que usava para fazer os desenhos dos bordados em ponto de cruz.
A antepenultima coluna era destinada a uma apreciaçao global (se cumpria os minimos, se estava tudo documentado,...) a penultima as indicaçoes que deveriam ser transmitidas ao candidato ( falta de alguma assinatura, esclarecimento de alguma data, apresentaçao de algum certificado em falta, ...) e a ultima coluna destinava-se as minhas observaçoes pessoais e intransmissiveis, ja que eu tambem queria tirar algum beneficio daquela trabalheira nao remunerada.
Com essa metodologia obtive alguma experiencia na apreciaçao de pessoas, atraves do que escrevem sobre elas proprias, num assunto que se espera que seja o mais objectivo possivel.
Depois dessa especie de triagem os candidatos cujo CV estivesse dentro do estabelecido teriam de prestar provas praticas e teoricas, durante tres dias, perante um juri constituido por cinco elementos. As regras eram tantas para a constituiçao desses juris e o numero de candidatos tao elevado, que houve alturas em que nao pude esquivar-me a fazer parte do juri. Pude assim conferir se as minhas observaçoes, feitas a partir apenas do registo escrito, se confirmavam perante a presença e a prestaçao das provas do candidato.
Dessas largas dezenas de CV um mereceu o direito a um lugar especial na minha memoria. Foi o de um colega que agora e director de um estabelecimento muito conceituado no meio.
Começava assim : “O menino que eu fui nasceu num dia...” e por ai fora, desde as recordaçoes de Angola ate a meninice no Alentejo ! aquilo cheirou-me a esturro, para epater le bourgeois, fosse ele quem fosse, que se veio a revelar umas paginas a frente. Desde dias com no minimo 36 horas ate meses com 50 e tal dias, havia de tudo, e nao era preciso procurar muito.
O CV do artista saltou-me do subconsciente para o consciente no dia em que encontrei outro CV, arrumado na estante la de cima. Nesse dia de Inverno quando cheguei a casa ja estava escuro e ainda nao tinha chegado mais nenhum dos seus varios habitantes; coisas de mulher, andava eu obstinada em obter informaçoes sobre uma misteriosa criatura. E de repente fez-se luz: “tenho ca em casa o CV da dita cuja!”. Como a casa era grande, quatro pisos desarrumados, fechei os olhos, concentrei-me (nao se riam, foi mesmo assim) e fui subindo as escadas, as escuras, ate chegar a uma estante onde pensava eu que so estavam livros e pastas desnecessarias. E la estava, a singela publicaçao que me forneceu informaçao para dar e vender.
Quando a comecei a ler, ainda sem tirar o casaco mas ja com as luzes acesas, la veio o CV do C a memoria! Pareciam gemeos que tivessem estudado pela mesma cartilha.
Vem isto a proposito da musica da Rita Lee da ultima mensagem, mas a historia e longa e continua nos proximos capitulos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Erva venenosa >>>> Tema a desenvolver dentro em breve



Parece uma rosa
De longe é formosa
É toda recalcada
A alegria alheia incomoda
Venenosa.. Êh êh êh êh êh..
Erva venenosa.. Êh êh êh..
É pior do que cobra cascavel
Seu veneno é cruel.. el. el. el..
De longe não é feia
Tem voz de uma sereia
Cuidado não lhe toque
Ela é má pode até te dar um choque
Venenosa.. Êh êh êh êh êh..
Erva venenosa.. Êh êh êh..
É pior do que cobra cascavel
Seu veneno é cruel.. el. el. el..
Se coça como louca,
rachada tem a boca
Parece uma bruxa, um anjo mau
Detesta todo mundo, não para um segundo
Fazer maldade é seu ideal
Como um cão danado
Seu grito é abafado
É vil, é mentirosa
Deus do céu, como ela é maldosa
Venenosa.. Êh êh êh êh êh..
Erva venenosa.. Êh êh êh..
É pior do que cobra cascavel
Seu veneno é cruel.. el. el. el..
Se coça como louca,
rachada tem a boca
Parece uma bruxa, um anjo mau
Detesta todo mundo, não para um segundo
Fazer maldade é seu ideal
Erva... venenosa..
Erva... venenosa..
Erva... venenosa..

quarta-feira, 20 de abril de 2011

segredos

Tenho um segredo: estou viciada na net.
Passo horas à procura de tudo e mais alguma coisa, umas vezes encontro, outras não.
Ele é fotografias para me porem mal disposta (depois guardo-as numa pasta secreta), o caminho melhor, o mais curto, o recomendado, o mais barato para chegar onde já estou cansada de ir, o facebook, os emails todos (tenho medo de esquecer as passwords, são todas diferentes, mas não quero dar parte de fraca a mim mesma, e então não as escrevo, nem as mudo, a ver o que isto dá), o skype (mesmo quando não quero falar quero ver quem está online), os blogs, as letras, as notícias, sei lá mais o quê.
Está a ficar pior que o sudoku, passei ao killer, mas como já sei que vou resolver o problema, já não me interessa começar.
Depois imbico com mistérios, e não paro até os resolver: quem será o herdeiro de aécio? e a iconoclasta/ caleidoscópio (por falar nisso hoje dei um à viola), e de página em página vou aprendendo muitas inutilidades, como seja por exemplo o que é o ip.
Ando a tentar substituir este vício pelo solitary spider com quatro baralhos, mas quem fôr viciado em alguma coisa saberá como é difícil . Estou no bom caminho, já assumi o meu vício, agora basta seguir aqueles passos todos que aprendi nas FA.
Este segredo, melhor dizendo este vício é dos fáceis, não custa contar, por isso o escolhi para começar.
Daqui para a frente vai ser mais complicado

terça-feira, 15 de março de 2011

Manta de retalhos



Comecei a manta há muitos anos.
Tinhamos ido de férias para os EUA, uma semana em Nova Iorque, outra a passear de carro pelo Estado de Nova Iorque e arredores.
Gosto de todos os filmes do Harrison Ford, ( gosto especialmente do Presumivel Inocente, mais pela personagem da mulher do Rusty, com a qual me identifico, e lamento que não me tenha servido de inspiração). Como tinha visto, pouco tempo antes da viagem, A Testemunha, fiquei entusiasmada com a hipótese de visitar o Amish County, no estado de Filadélfia. À chegada fomos ao Visitors Center - faço esta referencia para confirmar a Primavera no brainstorming das ferias, uns posts atrás- onde as informações eram dadas por velhinhos, que prestavam trabalho voluntário.
Lá chegámos, com essa informação mais a do Lonely Planet - agora fico contrafeita ao escrever Lonely Planet, salta-me logo à ideia a referencia ao LP, que li em circunstancias tão anormais.Como é possível,nunca tinha pensado nisso, partilharmos pessoas, livros, objectos, filmes, programas, com quem somos tão diferentes, e que em casos extremos nos são até repugnantes.
Resta-me a convicção de não partilharmos pensamentos, principios, valores, sentimentos.
Depois,o escrever LP.Estou tão ressabiada que acho uma forma pretensiosa de mostrar familiariedade com o Lonely Planet, nunca mais vou usar um, passo a comprar o Lets Go, porque tenho a certeza que nunca vou ver “já comprei o LG”.
Lá estavam as quintas, com os vira- vento produtores de energia,as casas de madeira construidas em comunidade, as carroças em vez dos automóveis,as meninas de tranças, tudo como eu tinha imaginado.
Numa feira ao ar livre comprei um kit para bordar, em linho, uma daquelas carroças. Tinha a mania de comprar uma coisa daquelas em cada lugar onde ia, lá os fui fazendo, agora ninguém os quer, nem eu mesma.
Bordei, montei numa moldura em segunda mão de madeira que comprei em Barcelona, e dependurei-o em Vila Chã. Recentemente tirei-o da parede, pousei-o na cadeira da entrada virado para baixo, faz-me impressão recordar tudo a que ele se liga.
Espanta-me como tive tempo de fazer tanta coisa, não me consigo lembrar como fazia, so me recordo que fazia porque gostava.
Numa casa estava um grupo de mulheres a fazer em conjunto uma colcha em patch-work. Eu já tinha feito uma imitação com restos de amostras de tecidos que a minha mãe tinha, com os quais fez camisas de noite e roupa para os meus queridos sobrinhos. Só que eu fiz essa primeira incursão no domínio do patch-work como uma verdadeira analfabeta, quem não sabe até acha que está bem mas não está, mas serviu como exercício, uma espécie de caderno de palavras dificeis.
Quando chegámos a casa resolvi fazer outra bem diferente, porque não tenho com quem partilhar o trabalho, peça fundamental , nem conhecimentos, experiência, tecidos semelhantes. Só que entretanto, noutra viagem não me lembro aonde, comprei um album de Quilts, com trabalhos muito variados e bonitos, e um capítulo com Quilts mais contemporaneos. Aí me inspirei para começar o meu trabalho.
É com dificuldade que agora penso em tudo isso, tanta coisa ligada a esta manta, com que agora partilho os dias gelados de Fevereiro.
Quando a comecei imaginava usá-la quando fosse mais velha, a cobrir-nos as pernas enquanto conversavamos sobre os filhos, eu a fazer camisolas para os netos.
Foi bom, porque assim pude viver esses momentos, que não se chegaram a concretizar Dos filhos muito teria para conversar,seria bom partilhar alegrias e preocupações, pensar em formas de os ajudar, desbafar as pequenas desatenções, lembrar episódios com os dessa viagem ao Amish County.
Juntei os tecidos velhos, desfiz casacos, saias, blusas, boxers, remechi nas caixas dos botões, das fitas, das rendas, das linhas, meti tudo num saco dos Jogos Médicos, recortei uns fundos de caixas de Sortido Favorita em quadrados do tamanho que me parecia bom para servir de módulo, e lá fui cosendo. Corta daqui, emenda dali, sobrepõe, acrescenta para fazer o quadrado, põe em cima um botão, borda uma florinha, acrescenta uma renda , um galão piroso, um entremeio que já não chega para nada.
Para unir os quadradoss desfiz umas saias pretas que deixaram de me servir, cortei-as às tiras e toca a andar. Fiz mal. Agora emagreci e podia usá-las, mas se vir que tal compro uma. Só que fico incomodada em pensar nisso, se penso em saias só me lembro de ver pernas grossas a sair de uma mini-saia. E fico a pensar que afinal pernas grossas são importantes, que mini-saias são agradáveis, que eu já devia saber isso, porque há 40 anos eu usava mini-saia. Mas há uns anos eu pensavaa era em como coser as tiras, se a direito se em cada quadrado, se ponto de luva ou ponto de cadeia, se por cima se por baixo dos quadrados.
Enquanto pensava nisso não pensava noutras coisas, decerto que perdi a hipótese de ter nesse tempo algum pensamento brilhante,mas também tive a vantagem de não pensar em mais nada.
Depois punha-se o problema do forro. Resolvi-o numa tarde de sábado em que fui a um armazem de tecidos fechado, que é agora uma loja muito fashion, numa esquina dos carmelitas.Quem nos abriu a porta foi a mesma que fez um desenho de que gosto muito e que agora esta suspenso de um prego numa parede à minha beira, faz boa companhia. Até já o vi no facebook.
Como me estava a custar dar o trabalho por encerrado, ainda bordei a toda a volta um caseado em linha vermelha,e gostei do resultado.
Agora não há volta a dar-lhe. A manta está pronta, escuso de puxar pela cabeça, resta-me meter as pernas debaixo e pensar .

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Sair dos Bairros Sociais

50 mil portuenses vivem em bairros sociais. E não querem sair.
Este é o título de um artigo de Pedro Sales Dias, Publicado em 20 de Julho de 2010 no Semanário.
Duvido da veracidade das conclusões. Bem sei que o  Bairro de Francos ficou de fora do estudo.
Encontrei o CV misturado com o lixo de séculos, quando fui arrumar a garagem, e fiquei curiosa, aquilo não batia certo, parecia o do Courinha. Muito paleio de chacha na introdução, soa a falso, a intujisse, como se dizia na escola de Ramalde onde aprendi a ler e a escrever.
Aqui há gato, pensei. Mais tarde vim a saber que também há gata, daí as alergias, mas não é qualquer uma, até tem página no fb.
De leitura em leitura vim a saber como se pode sair de um bairro social, sem grandes problemas. As moradas são sempre iguais, Bairro de Francos, bloco 7, Entrada x, casa quarenta e tal.
Basta acrescentar o nome da Rua,  mudar o Bloco para lote, a entrada para número e a casa para apartamento, e já está : Rua Frederico qualquer coisa, já não me lembro, Lote 7, nº x, apartamento 40 e tal. Então se a casa for no ultimo andar até se pode passar a morar numa  penthouse.
E assim se vai subindo socialmente, isto na perspectiva de quem assim muda de casa, ou sai do bairro.
Eu nasci numa casa do bairro de Ramalde, casa 51, não é o da Câmara, é o do Estado. Vivi ali até aos 25 ou 26 anos. Morreu lá a minha avó, morreu-me lá a minha mãe.
Quando lá passo recordo-me sempre de algum instante da minha infância, do quintal, do baloiço que o meu me fez, das pombas, do Pinóquio, sei lá.
Home is the Place you Left, tenho pena de não ter comprado o livro, vou ver se o arranjo na Amazon, quem sabe.
 

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Fastball- The Way (with lyrics)

Tantos anos, tantas férias, tanta gente. O que ficou?

Quinze dias no mínimo, de vinte quatro horas no máximo, tantos anos, tão juntos em cada ano. O que ficou?
Pedi a quatro dos veraneantes que dissessem, em pequenos títulos, aquilo de que se recordavam desse tempo passado, passado em grande parte  num veiculo de quatro rodas.
Perdi alguns dos emails de resposta, mas ainda me lembro de:

O cheiro dos apartamentos de Bruxelas e Paris
A primavera a espiar gringos côr de laranja nos balneários do parque  de Veneza
Madurodamm
O calor de Agosto em Londres
A primavera a enjoar e o inverno a vomitar em Bath
A multa do outono no metro de Paris
O cd  doTiririca que o inverno trouxe da bahia, a tocar a toda a hora na Bretanha
O inverno a partir a cabeça na piscina do parque de campismo de Roma
O verão a dançar em Schveningen,
O outono a chorar, ao sair da gruta de Tito Bustilho
O outono a chorar outra vez, em frente às meninas do Picasso
O inverno a perder-se na expo de Sevilha,.
Eu a perder a carteira em Roma (ou será que ma roubaram?)
A parada de indianos em Nova Iorque
A cara de ódio do rapaz da Lady of the Mist
A tarantula da Florida
A noite em Flagstaff
A dança do ventre em Hamamete
A senhora da casa nos montes queimados da Laconia
Os velhos enfiados no tubo da água quente na praia de Aedipsus
O guia em Missiones
O calor de Death Valley
As máqinas de Las Vegas
Os fumadores à porta do World Trade Centre em NI
O brasileiro que não sabia falar inglês em Orlando (pfff pum, pum, ? ?, encolher ombros e abrir as mãos, ??)
O inverno a carimbar o passaporte na Expo de Sevilha (não me perdi, já na altura era muito independente)
O verão a ganhar 5 cents numa slot machine de Las Vegas.
As compras à pala do seguro do cartão Visa Gold.
Entradas dois a dois no Novotel para pagarmos menos.
Embrulhar pães do pequeno almoço e roubar compotas.
Ninguém querer ir atrás na carrinha 505 porque saltava muito.
Estourar o dinheiro todo que os avós davam.
Ver o Jerry Springer nos moteis de estrada.
A porta da mala da carrinha partir-se e os franceses não ajudarem.
Chegar ao hotel em Atenas e dizerem-nos que não tinhamos reserva.
Parar em todos os visitor centres.
Chegar ao hotel em são Francisco e dizerem-nos que não tinhamos reserva
o filho do sá a emitá-lo
encontrar o amigo do afonso no kenedy center
o serial killer do yosemity park ( ja nao sei como se escreve)
eu a esbarrar-me nas traseiras o calhambeque dos gregos
da suiça nao ha nada a recordar!
o inverno a encontrar moedas nos buracos dos muros
 o inverno  a ser picado por uma alforreca
um grande aguaceiro em miami beach
apanhar dentes de tubarao em venice beach
o verão a chegar ao porto com uma cabeleira curta preta
o pai sp a dizer "se calhar era por ali"
o inverno e o outono a lerem todas as placas em atenas ou grecia
encontrarmos o miguel (da minha turma) na florida
todos os museus que eu via em 5 minutos
o calor insuportavel em roma
ficarmos num motel em las vegas
a carrinha a bater mal no death valley
pagarmos p subir ao 1º andar na torre eiffel e irmos p o 2º
eu sp a ganhar ao inverno naqele joguinho a ver qem tira 1º o cinto nos avioes
eu a rir-me e a gozar com o outono q ela ia vomitar mas no final fui eu q vomitei
o outono a dizer q na nike store quase n havia sapatilhas adidas
aqela cidade na grecia q era sponsored by velhotes. media de idades 1463342 anos
fazer td o q os guias diziam
acordar pq "ja sao 7 da manha"
o outono a ser atacada por mosquitos
os 4 aos gritos na praia e os life guards todos agitados
eu a ganhar o joguinho de tirar o cinto mal acende a luz, nao sei onde é q a primavera  foi buscar o contrario.
eu a dizer q a a cola-cola era muito melhor que a diet.
eu a dizer q vi o leonardo di caprio e o outono a acreditar-se.
eu a entornar uma sapatilha numa fonte qualquer.
a mae a mandar emails só com reply pra mim mas eu a reenviar pra todos, no fim deste email.
todos a beberem mais do que queriam só pq o refill era de borla
a cena do hostel em s. francisco
a animação no parque aquatico de orlando - alguem se lembra como se chama?
eu a ficar para traz no caminho das sequoias gigantes
a tempestade de granizo junto de uma bomba de gasolina algures nos usa
Veneza: O homem cor de laranja do parque de campismo e as lojas, ruas, pessoas vistas através de rebuçados, pendentes ou jarras em vidro murano (ou lá como se chamam).
Na carrinha no Death Valley, sem poder abrir janelas porque o vento queimava e sem poder ligar o A/C porque o motor estourava.
Las Vegas ao longe e a música dos Pearl Jam "oh where oh where can my baby be" a tocar na rádio.
Eu a chorar por me acharem parecida com as Meninas do Picasso (já é prai o 4º registo em que eu estava a chorar. porquê?).
Todos a vomitarem num Novotel, excepto eu. (ahahaha sou chorona mas depois vingo-me)
A mãe a fazer sandes em série,
o inverno e a primavera a tentarem gamar moedas em todas as fontes históricas de Europa,
o verão sempre intelectual, de caderno na mão.
O pai "eh pá isto faz me lembrar Sintra / Lisboa / outra coisa qualquer" sempre.
de carro na florida a ouvir os fastball.